Servidores estaduais de diversas categorias aprovaram greve coletiva, pela primeira vez na história do movimento sindical gaúcho, a partir desta quarta (19) até sexta-feira.
A decisão foi tomada por mais de 30 mil funcionários públicos - conforme estimativa da Brigada Militar (BM) - presentes na Assembleia Unificada, no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre. Em coletiva de imprensa de apenas três minutos, no final da tarde desta terça-feira, o governador José Ivo Sartori (PMDB) anunciou o corte do ponto para quem aderir à mobilização.
Indo além do posicionamento contra o parcelamento de salários, o ato de paralisar as atividades serve como alerta ao Executivo.
O funcionalismo já demonstrou contrariedade aos projetos de ajuste fiscal em tramitação na Assembleia Legislativa e deve endurecer o discurso de oposição à gestão Sartori. Entre as proposições do governo estão a extinção de fundações públicas, criação de previdência complementar e criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, o que pode limitar os percentuais de reajuste.
“Presença será presença e falta será falta”, disse Sartori ao anunciar o desconto das faltas dos trabalhadores nos dias de greve. O governador ainda pediu, mais uma vez, compreensão aos servidores pelas dificuldades econômicas do Estado. Para o presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos (Fessergs), Sérgio Arnoud, o corte não é novidade, mas pode aumentar ainda mais os conflitos com as categorias.
Protesto na Assembleia
Após o ato no Largo Glênio Peres, os servidores marcharam até a sede do Legislativo estadual. Com cartazes e bandeiras, o grupo ocupou as galerias e lotou o plenário da Casa para protestar contra as medidas adotadas pela administração estadual para combater a crise financeira. Mesmo sem suspender a sessão, os deputados estaduais utilizaram a tribuna para expor opiniões sobre os protestos e a oposição apoiou o anúncio da greve de três dias.
Mobilização segue
De acordo com a Federação Sindical dos Servidores Públicos (Fessergs), mesmo após a paralisação os trabalhadores seguem mobilizados. Caso haja novo parcelamento nos salários, haverá mais uma paralisação nos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro. As mais de 40 entidades representativas realizarão a segunda Assembleia Unificada no dia 3 de setembro para avaliar os resultados do movimento.
Aumento no ICMS
Os rumores sobre a possibilidade do governo aumentar a alíquota praticada no ICMS repercutiu entre as entidades empresariais da Zona Sul.
Em nota, o movimento Aliança Pelotas manifestou repúdio sobre o projeto de lei que pode ser protocolado ainda nesta semana na AL, afirmando que “ o aumento prejudicaria ainda mais o Estado, em um momento de retração da atividade no país”.
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