O Comitê Pró-Desenvolvimento da Fruticultura da Metade Sul do Rio Grande do Sul promoveu ontem uma reunião com os 10 municípios que compõe a entidade com o intuito de apresentar o Programa de Desenvolvimento da Cultura das Oliveiras. O novo projeto irá contemplar uma área de 200 hectares dividida entre os 10 municípios (Pinheiro Machado, Piratini, Bagé, Pedras Altas, Canguçu, Dom Pedrito, Candiota, Hulha Negra, Aceguá e Santana do Livramento).
Neste programa consta a implantação e acompanhamento técnico especializado de unidades produtivas de oliveiras, onde serão adquiridas mudas de seis cultivares distintas com o objetivo de produção de azeite de alta qualidade. A escolha das unidades produtivas e dos produtores beneficiados será baseada em critérios técnicos de aptidão de solo e experiência em fruticultura.
O presidente do comitê de Fruticultura da Metade Sul, Adelino Luiz Santos, salientou que além de ser apresentado o projeto, foram retiradas as demandas de cada município e a forma como serão feitos os investimentos na área. Ele salientou que os recursos para o desenvolvimento serão buscados junto aos governos Federal e Estadual e com a iniciativa privada.
Ele informa que já existe uma parceria entre o comitê e a empresa Chalet Agropecuária S.A. em Pinheiro Machado, do pecuarista e agricultor, Luiz Eduardo Batalha, para beneficiar a produção de azeite do município e região. Conforme o presidente, o papel da entidade é fomentar projetos que se enquadrem na região.
O empresário Batalha, que esteve presente no encontro, falou que a produção de azeitona na sua propriedade irá chegar até 2014 a 400 hectares. Ele explicou que o equipamento que adquiriu no início deste ano tem a capacidade de beneficiar 500 mil litros de azeite por ano.
Batalha salientou que é parceiro para o beneficiamento e que o projeto precisa ser lançado em alto estilo para subsidiar o pequeno produtor nos primeiros três anos. “É preciso parcerias entre os municípios, produtores e governo para que o cultivo seja viável. A oliveira é altamente produtiva e o cultivo é rústico podendo ser diversificado com a ovinocultura”, disse.
Participantes
Para o secretário de Agricultura de Sant’Ana do Livramento, Carlos Fernandes, é importante criar uma cadeia produtiva regional e o momento é propício porque há interesse dos governos. Ele salientou, que durante a Expointer teve uma conversa com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que garantiu que há recursos e que estão faltando os projetos. “Os produtores precisam de estímulo e o nosso município é parceiro”, informou.
Conforme o secretário de Desenvolvimento Rural de Canguçu, Cleider Menegoni, há pouco investimento no setor. “Há apenas uma empresa privada com área plantada no município”, salientou. Menegoni também disse que Canguçu é parceiro para o investimento.
O coordenador de Agropecuária de Aceguá, Bruno Oliveira, disse que o município é composto por pequenos produtores, a área é abundante, mas ainda falta informação e recursos para diversificar. Ele salientou que há uma unidade implantada do projeto Olivais do Pampa com um hectare e na época foi muito difícil conseguir um produtor que quisesse ceder a área. “Era tudo subsidiado e com assistência técnica, e mesmo assim, houve dificuldades. A cultura ainda é nova para a região”, destacou.
Produção
De acordo com Batalha, em cada hectare são plantadas 400 mudas, que produz 12 mil quilos de azeitona e dois mil litros de azeite. O caroço pode vendido para a combustão por ter um resto de óleo no interior e a pasta pode ser transformada em ração e adubo. “É um produto que vai melhorar a vida dos pequenos produtores”, destacou.
Melhor produtor
Considerado pela Embrapa como melhor local para plantio de oliveiras, o Rio Grande do Sul poderá impulsionar o país a passar de maior consumidor para melhor produtor do azeite.
Longe das regiões serranas e do litoral, onde a umidade relativa do ar é menor, a região da Campanha é boa principalmente na fase de florescimento, favorecendo a produção de frutos da oliveira.
Indústria
A indústria de Pinheiro Machado foi inaugurada oficialmente pelo governador Tarso Genro, durante a Caravana de Interiorização, como forma de reconhecer o potencial da Metade Sul para olivicultura. Ainda em 2012, o governo criou uma Câmara Setorial de Olivicultura e já trabalha em uma política tributária favorável ao setor. A tarefa de fiscalizar a qualidade do produto produzido no Rio Grande do Sul também é papel do Estado e será feita pela Divisão de Defesa Sanitária Vegetal.
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