O final de semana passado foi de intensa agitação política no país, motivada pela votação pelo prosseguimento ou não do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Pela mobilização pró-impeachment, produtores rurais e lideranças do setor do Rio Grande do Sul foram a Brasília e participaram de reuniões e atos com parlamentares que votariam no domingo. Entre a comitiva que foi até a capital federal à convite da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) estavam: o vice-presidente da Farsul, Gedeão Silveira Pereira; o presidente da Comissão de Assuntos Fundiários do Sistema, que também preside a mesma comissão na CNA, Paulo Ricardo Dias, e o diretor da Associação Rural de Bagé, Luís Olavo Salles, todos integrantes da entidade bageense.
De volta ao Estado, Pereira comentou à reportagem de que o posicionamento da CNA teve um forte poder de mobilização junto à bancada ruralista, que detém expressivo número de parlamentares, assim como a bancada evangélica na Câmara de Deputados. O dirigente ressalta que, desde a chegada, pôde perceber a união dos deputados em torno dessa posição defendida pela confederação, principalmente em almoço realizado no sábado pela CNA e a Frente Parlamentar da Agricultura, com centenas de pessoas ligadas ao agronegócio. “Os parlamentares se sentiram muito confortáveis com o apoio da CNA, porque ela foi a única confederação que realmente tomou um lado desde o desagradável ato da presidente Dilma Rousseff, que, supostamente, colocou para si todo o setor do agronegócio contra ela”- refere-se Pereira à polêmica manifestação do secretário da Contag, Aristides Santos, em ato realizado no Palácio do Planalto, quando declarou de que uma forma de defender o governo de Dilma seria com invasões de propriedades no país. “Ela aplaudiu, abraçou o secretário após essa declaração, sem tecer crítica alguma. Isso foi reprovado por toda a bancada ruralista que manifestou repúdio”, complementa Pereira.
Novo governo
Sobre os próximos passos do processo de impeachment, Pereira acredita que deverão ser rápidos, visto que, o parecer da comissão especial do Senado, dando prosseguimento ao caso de impedimento, deverá ser aprovado por maioria simples do plenário da casa. “Acredito que seja mais fácil do que a votação na Câmara, com a Dilma sendo afastada por 180 dias e o Michel Temer assumindo interinamente. "Nesse caso, em conversas que tive com um deputado do PRB de Goiás, da bancada evangélica, faltariam, hoje, cerca de sete votos para que se consiga os dois terços dos senadores efetivando, dessa forma, a cassação de Dilma; contudo, até lá, várias coisas terão que acontecer, muitas encrencas poderão ocorrer nesse prazo”, comenta.
Questionado sobre as perspectivas do setor do agronegócio para um cenário de retirada de Dilma e a entrada de um novo governo, agora com o vice Temer, o vice-presidente da Farsul reforça que o agronegócio brasileiro sempre teve problemas graves nos últimos anos em relação ao direito de propriedade. “Mesmo que isso tivesse força com os governos de ideologia mais de esquerda, o problema vem desde a época do PSDB, no governo de Fernando Henrique Cardoso, visto que ele nunca entendeu realmente a importância do agronegócio e o próprio setor não tinha a força que tem atualmente para o PIB do país. No tempo em que o ministro da Agricultura era o Francisco Turra, que sempre foi um grande aliado do setor, nós tínhamos uma produção que chegava a 80 milhões de toneladas de grãos. Hoje, chegamos a mais de 210 milhões. Dessa forma, o setor não aceita que contestem o direito de propriedade, que é uma causa pétrea para nós. E governos com uma ideologia contrária não respeitam a importância desse direito para o setor”, ressalta Pereira que complementa que todas as nações que são potências econômicas têm regras bem claras em defesa da propriedade. “Já no Brasil, há ações de grupos como MST e toda uma legislação que tem prejudicado o setor, por exemplo, nos entraves gerados quanto à questão ambiental, entre outros temas. Tudo isso faz com que o setor se sinta ameaçado para produzir”, destaca Pereira, que acredita que um possível governo Temer, com o apoio da bancada ruralista, irá gerar um cenário favorável para o agronegócio brasileiro.
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