Em expansão há
cerca de três anos, os focos da raiva herbívora atingem a região da
Campanha e trazem além dos prejuízos econômicos, com perdas de animais, a
preocupação de saúde pública.
Transmitida pelo morcego hematófago, a enfermidade se alastrou por municípios tradicionais em pecuária que antes não apresentavam casos de raiva herbívora. Bagé é um desses municípios que está, atualmente, enfrentando o surto de raiva. Com o objetivo de levar a público a preocupação do setor rural, bem como discutir ações de combate e conscientização, o vereador Antenor Teixeira (PP), por intermédio da Comissão da Agricultura e Pecuária do Legislativo bageense, promoveu, ontem, audiência pública para tratar do tema.
O evento reuniu autoridades políticas, representantes do setor rural e produtores. “A audiência pública foi motivada pela minha preocupação com o surto de raiva herbívora em toda a nossa região. A intenção é produzir documentação para os gestores públicos como o governo do Estado para que sejam tomadas atitudes. O produtor está fazendo a sua parte, mas o momento é de grande apreensão. Assim, é importante que o governador e o secretário da Agricultura coloquem força máxima na região da Campanha, porque o surto de raiva pode alcançar proporções maiores que façam com que ocorram sanções internacionais para a importação da nossa carne e isso prejudicará a sociedade gaúcha como um todo”, ressalta Teixeira.
Presente na audiência pública, o presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé, Rodrigo Borba Móglia, frisou que o encontro não tinha apenas o objetivo de alertar os produtores, mas principalmente cobrar do poder público, ações para controle do morcego hematófago, como também de vacinação para os trabalhadores do campo, técnicos rurais, entre outros. “A Associação e Sindicato Rural está fazendo a sua parte informando os produtores com reuniões de orientação. Na última Feira de Outono de Terneiros, 100 por cento dos animais que participaram foram vacinados. Já fizemos um levantamento nas casas veterinárias e houve uma grande procura de vacinas por parte dos produtores. Dessa forma, nós temos essa preocupação, pois isso pode gerar um grande problema econômico para o setor que tem que arcar com mais custos, bem como também para a sociedade como um todo”, acrescenta Móglia.
Surto iniciou em 2011
Desde o avanço da doença em 2011, 100 mil animais já morreram no Centro-Sul do Estado. Até o final de março, 700 bovinos morreram por conta da raiva herbívora. A expansão do surto de raiva herbívora iniciou na região de São Lourenço do Sul após as enchentes de 2011.
O coordenador do Programa Nacional de Controle da Raiva Herbívora do Rio Grande do Sul, Nilton Rossato, explicou que no Estado, dez equipes de trabalho estão atuando no controle da doença. Na região, estão sendo deslocados de quatro a cinco núcleos de trabalho para que apoiem as inspetorias locais. De acordo com Rossato, há na região Centro-Sul cerca de quatro mil refúgios cadastrados. A região de Bagé torna o problema preocupante por contar com um grande rebanho de gado, por isso a importância de mais agentes para atuarem na vigilância de novos casos no campo. “Nós temos muitos refúgios que foram cadastrados e estão sendo monitorados. Porém, o grande problema são as furnas que não são de conhecimento das inspetorias. Por isso, existe a necessidade dos produtores rurais colaborarem na identificação desses locais e notificarem as inspetorias veterinárias e zootécnicas”, argumenta.
Rossato comentou que as colônias são eliminadas a partir de um veneno que é besuntado no morcego. Esse veneno à base de Varfarina causa hemorragia interna. Quando o animal retorna à colônia, ele transmite esse veneno para os outros morcegos. Para cada um que sofre a aplicação do veneno, são eliminados de 20 a 30 a morcegos hematófagos.
Das 36 espécies de morcegos encontradas no estado, apenas uma é hematófaga. Por isso, Rossato salienta que a vacinação deve ser estratégica e não sistemática porque isso poderia mascarar novos casos.
Conforme o coordenador, os fatores desencadeadores da doença podem ser stress, alterações do espaço produtivo, oferta de alimentos, alterações climáticas, alta população de morcegos, entre outras causas. Rossato também enfatizou que o refúgio dos morcegos herbívoros não pode ser destruído pelos produtores. “O abrigo deve ser conservado porque ele será georeferenciado e assim temos como fazer o seu controle. Deve-se enfatizar que os eixos para combater esse surto de raiva herbívora são: o produtor rural, a inspetoria veterinária e os núcleos de controle da raiva”, afirma.
Responsabilidade compartilhada
A supervisora regional da Inspetoria Veterinária e Zootécnica de Bagé, Anna Suñé também ponderou sobre a importância da responsabilidade compartilhada entre produtores e agentes que cuidam da defesa animal. “Por isso, destacamos a importância dos produtores notificarem à Inspetoria Veterinária quando identificada novas furnas nas propriedades. Tomara que a partir desse exercício de responsabilidade compartilhada possamos chegar a um momento em que a raiva herbívora seja divulgada como enfermidade exótica”, declara.
No encerramento da audiência pública, o vereador Antenor Teixeira informou que a Comissão de Agricultura e Pecuária do Legislativo encaminhará documentação para representações como a Secretaria da Agricultura e para o próprio governo do Estado para destacar a atual situação do surto na região, bem como solicitar mais agentes de campo para auxiliar no controle da enfermidade.
BOX – Casos de raiva no RS
2011 – 17 municípios e 48 focos identificados
2012 – 31 municípios e 134 focos identificados
2013 – 59 municípios e 168 focos identificados
2014 – 22 municípios e 37 focos identificados*
*Dados coletados até o mês de março de 2014
Transmitida pelo morcego hematófago, a enfermidade se alastrou por municípios tradicionais em pecuária que antes não apresentavam casos de raiva herbívora. Bagé é um desses municípios que está, atualmente, enfrentando o surto de raiva. Com o objetivo de levar a público a preocupação do setor rural, bem como discutir ações de combate e conscientização, o vereador Antenor Teixeira (PP), por intermédio da Comissão da Agricultura e Pecuária do Legislativo bageense, promoveu, ontem, audiência pública para tratar do tema.
O evento reuniu autoridades políticas, representantes do setor rural e produtores. “A audiência pública foi motivada pela minha preocupação com o surto de raiva herbívora em toda a nossa região. A intenção é produzir documentação para os gestores públicos como o governo do Estado para que sejam tomadas atitudes. O produtor está fazendo a sua parte, mas o momento é de grande apreensão. Assim, é importante que o governador e o secretário da Agricultura coloquem força máxima na região da Campanha, porque o surto de raiva pode alcançar proporções maiores que façam com que ocorram sanções internacionais para a importação da nossa carne e isso prejudicará a sociedade gaúcha como um todo”, ressalta Teixeira.
Presente na audiência pública, o presidente da Associação e Sindicato Rural de Bagé, Rodrigo Borba Móglia, frisou que o encontro não tinha apenas o objetivo de alertar os produtores, mas principalmente cobrar do poder público, ações para controle do morcego hematófago, como também de vacinação para os trabalhadores do campo, técnicos rurais, entre outros. “A Associação e Sindicato Rural está fazendo a sua parte informando os produtores com reuniões de orientação. Na última Feira de Outono de Terneiros, 100 por cento dos animais que participaram foram vacinados. Já fizemos um levantamento nas casas veterinárias e houve uma grande procura de vacinas por parte dos produtores. Dessa forma, nós temos essa preocupação, pois isso pode gerar um grande problema econômico para o setor que tem que arcar com mais custos, bem como também para a sociedade como um todo”, acrescenta Móglia.
Surto iniciou em 2011
Desde o avanço da doença em 2011, 100 mil animais já morreram no Centro-Sul do Estado. Até o final de março, 700 bovinos morreram por conta da raiva herbívora. A expansão do surto de raiva herbívora iniciou na região de São Lourenço do Sul após as enchentes de 2011.
O coordenador do Programa Nacional de Controle da Raiva Herbívora do Rio Grande do Sul, Nilton Rossato, explicou que no Estado, dez equipes de trabalho estão atuando no controle da doença. Na região, estão sendo deslocados de quatro a cinco núcleos de trabalho para que apoiem as inspetorias locais. De acordo com Rossato, há na região Centro-Sul cerca de quatro mil refúgios cadastrados. A região de Bagé torna o problema preocupante por contar com um grande rebanho de gado, por isso a importância de mais agentes para atuarem na vigilância de novos casos no campo. “Nós temos muitos refúgios que foram cadastrados e estão sendo monitorados. Porém, o grande problema são as furnas que não são de conhecimento das inspetorias. Por isso, existe a necessidade dos produtores rurais colaborarem na identificação desses locais e notificarem as inspetorias veterinárias e zootécnicas”, argumenta.
Rossato comentou que as colônias são eliminadas a partir de um veneno que é besuntado no morcego. Esse veneno à base de Varfarina causa hemorragia interna. Quando o animal retorna à colônia, ele transmite esse veneno para os outros morcegos. Para cada um que sofre a aplicação do veneno, são eliminados de 20 a 30 a morcegos hematófagos.
Das 36 espécies de morcegos encontradas no estado, apenas uma é hematófaga. Por isso, Rossato salienta que a vacinação deve ser estratégica e não sistemática porque isso poderia mascarar novos casos.
Conforme o coordenador, os fatores desencadeadores da doença podem ser stress, alterações do espaço produtivo, oferta de alimentos, alterações climáticas, alta população de morcegos, entre outras causas. Rossato também enfatizou que o refúgio dos morcegos herbívoros não pode ser destruído pelos produtores. “O abrigo deve ser conservado porque ele será georeferenciado e assim temos como fazer o seu controle. Deve-se enfatizar que os eixos para combater esse surto de raiva herbívora são: o produtor rural, a inspetoria veterinária e os núcleos de controle da raiva”, afirma.
Responsabilidade compartilhada
A supervisora regional da Inspetoria Veterinária e Zootécnica de Bagé, Anna Suñé também ponderou sobre a importância da responsabilidade compartilhada entre produtores e agentes que cuidam da defesa animal. “Por isso, destacamos a importância dos produtores notificarem à Inspetoria Veterinária quando identificada novas furnas nas propriedades. Tomara que a partir desse exercício de responsabilidade compartilhada possamos chegar a um momento em que a raiva herbívora seja divulgada como enfermidade exótica”, declara.
No encerramento da audiência pública, o vereador Antenor Teixeira informou que a Comissão de Agricultura e Pecuária do Legislativo encaminhará documentação para representações como a Secretaria da Agricultura e para o próprio governo do Estado para destacar a atual situação do surto na região, bem como solicitar mais agentes de campo para auxiliar no controle da enfermidade.
BOX – Casos de raiva no RS
2011 – 17 municípios e 48 focos identificados
2012 – 31 municípios e 134 focos identificados
2013 – 59 municípios e 168 focos identificados
2014 – 22 municípios e 37 focos identificados*
*Dados coletados até o mês de março de 2014
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