Por Vera Oliveira
Em tempos de “mensalão”, grande parte dos eleitores votam em candidatos não em partidos, sobretudo em cidades pequenas onde a gente conhece as pessoas, ou pensa que conhece, ao menos. Essa constatação expõe a fragilidade dos partidos políticos que, não obstante a plêiade de siglas existentes, pouco se percebe de diferenças substanciais entre elas, sendo concebidas e criadas,via de regra,para abrigar dissidentes e/ou manda-chuvas na disputa interminável pelo poder.
Tanto é assim que a cada eleição nos surpreendemos com as alianças explícitas ou costuradas atrás das portas. Também chama a atenção, por vezes, o tom de camaradagem entre alguns candidatos em campanha, quando se sabe que aos adversários deve- se guardar respeito, apenas. Fica claro para o eleitor, que em determinadas circunstâncias e ocasiões, os candidatos querem apenas ganhar as eleições, ou se isso não for possível, arrumar uma “boquinha” com algum parceiro da ora, importando manter-se no governo ou gravitando em torno dele.
Dessa forma fica difícil acreditar nos partidos. Vide o “mensalão” que expõe as chagas de um gigantesco modelo de corrupção e decepciona milhares de pessoas que acreditaram em um partido político. No entanto, deve haver, em todos as siglas, pessoas em quem ainda se pode crer. E são essas pessoas que nós eleitores vamos continuar procurando, através do voto, pois não há outro caminho para seguir nem outro meio para se consolidar a democracia. Em decorrência, o candidato eleito que fizer um mandato sério, ético e em sintonia com o povo, pode alavancar um partido, por pequeno que seja e assim, as mudanças de uma eleição para outra, acontecerão normalmente, na medida em que o eleitor toma consciência da realidade política em que vive.
Pois bem, aqui em Pinheiro Machado chama a atenção as mudanças que ocorrerão a partir de janeiro de 2013, na Câmara Municipal. Antes do pleito, já sabíamos de duas alterações que ocorreriam por conta dos vereadores (Cabral e Ronaldo) que concorreram a outros cargos eletivos. No entanto, após as eleições, quatro vereadores dos atuais não se reelegeram, determinando, na soma, uma renovação de 6 nomes, ou seja, 66 % dos atuais vereadores não comporão a Câmara Municipal para o próximo mandato. A leitura é simples: a população, ao que parece, não está satisfeita com a atual Câmara de vereadores, ou com pelo menos, parte dela. E para os três vereadores reeleitos, com votação inferior à obtida em eleições anteriores, fica o alerta de que o sinal está amarelo no semáforo das eleições.
De outro lado e considerando algumas das principais siglas que compõem o cenário da política local, avalio que três partidos sofreram perdas consideráveis nessa eleição: PSDB, PT e PDT.( A ordem de citação é aleatória).
Senão, vejamos: O Partido da Social Democracia do Brasil (PSDB) perde, para o próximo mandato, uma das quatro cadeiras que mantinha na Câmara Municipal, há pelo menos duas legislaturas. Além disso, o candidato à vaga de Prefeito, vereador Jackson Cabral, além de perder a eleição, obteve votação inferior à auferida pelo partido nas eleições de 2008, quando concorreu Lucel Betiollo. Foram 2.647 votos nesta, contra 3.096 na eleição de 2008. E não se pode omitir também, o fato de que o candidato eleito e futuro prefeito de Pinheiro Machado, José Felipe da Feira, hoje representando o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), só não concorreu à reeleição, em 2008, por imposição do seu partido, à época, o PSDB. Esse episódio, ao que consta, foi determinante para à saída de José Felipe da Feira do partido. Quatro anos depois, ele volta ao cenário político pelo PTB e se elege prefeito, outra vez, medindo forças com o seu principal oponente nessas eleições, ironicamente, o candidato do seu antigo partido, o PSDB. Para o prefeito eleito, José Felipe da Feira, a tentativa fracassada de concorrer à reeleição em 2008, ocorreu este ano, em grande performance, comprovando o velho e conhecido ditado de que “na vida, nada melhor do que um dia depois do outro”.
O Partido dos Trabalhadores (PT) voltou ao ponto de partida. Após conquistar a Prefeitura Municipal e eleger um vereador nas eleições de 2008, o partido não conseguiu firmar-se na liderança política no município. Rompida a aliança com o PDT, partido do então vice-prefeito, iniciou-se um processo de desgaste político, culminando com a cassação do prefeito Luiz Fernando Leivas pela Câmara de Vereadores, em outubro do ano passado. Após várias tentativas para retornar à Prefeitura, sem êxito, o agora ex-prefeito Luiz Fernando, voltou a candidatar-se ao cargo de Prefeito de Pinheiro Machado, desta vez sem aliados. Obteve votação inconfessável para quem havia sido eleito com mais de 60% da preferência dos pinheirenses, nas eleições de 2008. O partido também não elegeu vereador. Voltou à estaca zero.
Já o Partido Democrático Trabalhista (PDT), permanece com duas cadeiras na Câmara de vereadores, perdendo, no entanto, a oportunidade de reeleger o atual prefeito José Antônio Duarte Rosa, cargo ao qual foi conduzido, em outubro de 2011, no impedimento do titular,Luiz Fernando Leivas, cassado pela Câmara Municipal, como antes referido.
Avalio que seja mais fácil para um Prefeito reeleger-se do que vencer as eleições pela primeira vez, pois para quem já está no poder há toda uma estrutura administrativa a disposição para implementar ações efetivas de governo, capazes de influenciar o eleitor na hora de decidir o voto. E não se trata apenas de fazer proselitismo nem a política do agradinho às vésperas da eleição, trata-se, tão somente, de fazer a diferença aonde o clamor seja unânime. Para o PDT, nesta eleição, o cavalo passou encilhado, mais uma vez.
Por fim, e ainda sobre PT e PDT, cabe lembrar que esses dois partidos, aqui em Pinheiro Machado, levaram anos para chegarem à Prefeitura e em lá chegando, ao que parece, desligaram a sintonia fina. Desacertos, desavenças ao ponto de ruptura da aliança que levou as duas siglas a comporem a chapa vencedora nas eleições majoritárias de 2008, com mais de 60% das preferências populares. Desta feita, separados e apresentando chapa própria, sem aliados, protagonizaram a façanha de ser os dois menos votados na eleição para prefeito. Quem compreende?!!!....
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