Segurança e saúde serão temas prioritários

                                Encontro na Azonasul definiu estratégias de articulação.

Saúde e segurança pública serão os dois temas emergenciais a serem tratados pelos prefeitos da região com o governador José Ivo Sartori (PMDB), em audiência nos próximos dias. Na manhã desta quinta-feira (19), no mesmo horário em que o chefe do Palácio Piratini anunciava corte de mais de R$ 1 bilhão no orçamento, em Pelotas, o encontro era para definir estratégias de articulação. Na pauta, a cobrança de repasses atrasados que já ultrapassam os R$ 200 milhões na área da saúde e a redução do déficit no efetivo da Brigada Militar (BM), escancarado com o enxugamento das horas extras.

A sexta-feira deveria ser apenas de comemoração pela entrega das 17 viaturas que já poderiam estar rodando. Mas, não deve ser. A expectativa é de que as lideranças da Zona Sul aproveitem a presença do secretário estadual de Segurança, Wantuir Jacini, em Pelotas, no final da tarde, para apresentar parte das preocupações. Não é para menos. Dos 2.282 policiais que, pela previsão legal, deveriam atuar nas 27 cidades da área de cobertura do Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Sul (CRPO-Sul), apenas 1.354 estão nas ruas. O vazio alcança os 40%.

Os dados preencheram o debate desta quinta-feira na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul). O comandante do CRPO-Sul, coronel Elizeu Vedana, participou do encontro e admitiu: "O que nos angustia é o efetivo, que tem uma defasagem histórica. A Brigada não parou, mas estamos fazendo das tripas coração para manter o serviço". Sem horas extras e diárias para lançar mão, difícil desencadear operações especiais, como as desenvolvidas, por exemplo, para combater o abigeato em cidades como Herval. Algumas vezes durante o debate desta quinta-feira, a palavra caos foi colocada na mesa.

Sonho antigo
O desejo de criar o Batalhão de Operações Especiais (BOE) voltou a ser defendido pelo coronel, que em 2012 elaborou inclusive Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a importância de a região concentrar uma unidade, assim como já acontece em Porto Alegre, Santa Maria e Passo Fundo. A estimativa é de que com 200 militares, o BOE poderia ser instituído. "Sabemos que esta não é uma pauta para agora. É pro futuro, mas fica para reflexão.

Para onde vão as 17 viaturas
- Pelotas: 6
- Santa Vitória do Palmar: 2
- Capão do Leão: 1
- Pinheiro Machado: 1
- Piratini: 1
- Chuí: 1
- Rio Grande: 1
- São José do Norte: 1
- São Lourenço do Sul: 1
- Arroio Grande: 1
- Jaguarão: 1
(*) Os veículos integram o programa de Participação Popular Cidadã, através do qual a comunidade elege prioridades

Quais caminhos emergenciais para amenizar o déficit no efetivo?
- Retorno dos policiais da região: O retorno dos policiais da Zona Sul, deslocados a outras regiões do Estado, será uma das solicitações dos prefeitos ao Comando Geral da BM. Militares de cidades, como Jaguarão foram encaminhados à força-tarefa nos presídios. Os remanejos agravam uma situação que já preocupante.
- Ampliação de horas extras: Com o corte de 40% das extras, por determinação do governador para enxugar gastos, o déficit de pessoal se evidencia e as escalas ficam comprometidas. O que já era ruim fica ainda pior. "É um jogo de xadrez", compara o comandante do CRPO-Sul, ao se referir à distribuição das equipes.
- Chamada dos concursados: Os cerca de dois mil concursados que tiveram sinal vermelho antes mesmo de realizar os nove meses de formação, ajudariam a abreviar o déficit. Estão, entretanto, longe de ser solução. A reivindicação também deve ser apresentada pelos prefeitos em encontro com o governador Sartori.

Confira outros números
- O déficit na BM atinge em torno de 14,5 mil policiais em todo o Estado
- Para agravar a situação, 1.250 policiais se aposentam por ano
- Cidades como Canguçu, por exemplo, deveria ter 89 policiais. Na prática são apenas 30. É um dos piores déficits da Zona Sul

ReforçosO encontro com o governador ainda não tem data definida. A expectativa é de que ocorra na próxima semana. A intenção dos prefeitos é ganhar a adesão dos deputados estaduais da região para ampliar forças nas negociações.