Sindicância irá investigar como obras históricas de Pinheiro Machado foram parar no aterro de Candiota
A quantidade de livros que foram parar no aterro sanitário de Candiota não é precisa, mas o prefeito de Pinheiro Machado, José Felipe da Feira (PTB), promete investigar as circunstâncias em que ocorreu o descarte. Para isso, uma sindicância deve ser aberta até o final deste mês. "Independentemente de qual gestão tenha acontecido vamos abrir uma sindicância para identificar os culpados. A ideia é juntar imediatamente os elementos e encaminhar à Procuradoria do município para analisar a situação", explica.
Pelo menos duas obras - uma pertencente à prefeitura do ano de 1938 e outra de uma enciclopédia com carimbo da Biblioteca Pública Municipal - chegaram nas mãos da professora de História, Mariza da Rosa, por intermédio do amigo e colecionador Luis Carlos Meireles. Os livros fazem parte de um montante que não chegou a ser salvo.
Conforme Mariza, os mesmos foram comprados pelo proprietário de uma recicladora de Jaguarão e foi dali que o amigo resgatou alguns e a presenteou com dois no final do ano passado. São livros de registro de pagamento de impostos das décadas de 30 e 40 e talvez de outros anos também, além de Enciclopédia dos Municípios, de Medicina e de Barbosa Lessa. "Não sabemos em que administração isso foi feito, mas independentemente disto esse ato reafirma o que já sabemos. Nossa cidade em administração nenhuma teve a preocupação com a preservação do patrimônio cultural e com sua memória, pois apesar de toda a nossa tradição nem um museu temos na cidade. Estou muito triste e indignada com esse ato de vandalismo", relata a professora.
Em janeiro deste ano, Mariza chegou a procurar o Executivo para denunciar o caso e resgatar o pouco que sobrou no aterro de Candiota ou na recicladora de Jaguarão. A promessa do vice-prefeito Ronaldo Madruga é de que seriam tomadas providências.
"Sugeri que a prefeitura fosse resgatar em Jaguarão, antes que fosse tarde, o que tinha sobrado do acervo. Informei todos os telefones de contato, coloquei-me a disposição para ajudar, ficaram de entrar em contato comigo o que não fizeram. Após duas semanas, liguei novamente para saber se tinham alguma novidade e o que me foi dito pelo Madruga é que tinham passado o caso para a Secretaria de Cultura, da qual também ninguém me procurou", revela.
Quem os encontrou
Marcelo Vieira trabalha com reciclagem em Jaguarão e afirma que está não foi a primeira vez que um fato desses ocorreu. "Já encontrei sentenças escritas à mão do ano de 1890 e um álbum com cartões postais de Paris de 1903." O proprietário comprou o material de Candiota para reciclagem e confirmou que ninguém da prefeitura o procurou. O restante dos livros foram vendidos, mas antes parte do acervo chegou a ser adquirido por um colecionador de São Paulo.
Por: Juliana Sanchesjuliana@diariopopular.com.br
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