Ministério Público quer intervir para garantir a preservação do acervo do Castelo de Assis Brasil - PinheirOnline

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Ministério Público quer intervir para garantir a preservação do acervo do Castelo de Assis Brasil

Ministério Público quer intervir para garantir a preservação do acervo do Castelo de Assis Brasil

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Quem entra pelos portões da mansão de uma das mais tradicionais famílias do estado, é recepcionado pela seguinte frase: "Bem-vindo à mansão que encerra dura lida e doce calma: o arado que educa a terra, o livro que amanha a alma". E a sentença é verdadeira. Entre suas paredes de pedra, o Castelo de Pedras Altas guarda  uma grande parte da história do país, entre livros e documentos. Agora, com a mansão à venda, o Ministério Público quer garantir a preservação dessa documentação histórica.
A movimentação do processo é de autoria do promotor de Justiça de Bagé, Éverton Resmini Meneses, que atuou na cidade de Pinheiro Machado, município limítrofe a Pedras Altas. Ao perceber a dificuldade dos herdeiros em manter a conservação do local de 180 hectares (unidade de medida agrária que consta no processo), resolveu intervir. Agora, com respaldo do Procurador-Geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga, espera realizar uma catalogação de todos os documentos referentes ao diplomata.
 

O promotor ressalta a importância histórica, não apenas da estrutura, mas também, e talvez principalmente, dos documentos abrigados na imensa biblioteca da família Assis Brasil. "Assis Brasil era um homem muito influente no cenário político. Ele se correspondia com muitas figuras importantes, como Getúlio Vargas e Luís Carlos Prestes, entre outros. É uma parte da história que está ali e não pode ser perdida", comenta.
Como documentação histórica, os papeis precisam ser acondicionados devidamente, para não correr o risco de serem perdidos para a degradação. Para permanecer incólume na casa, o acervo precisa ser mantido protegido e sob condições ideais, o que muitas vezes não ocorria, já que não há um tratamento especial dispensado a eles.
 

A intenção do promotor é solicitar a posse desses documentos de forma temporária e realizar uma extensa e detalhada catalogação do acervo. Para realizar o trabalho, uma comissão deve ser nomeada pela promotoria. Devem fazer parte do grupo historiadores, arquivistas e membros do Iphae. Após a catalogação, a documentação volta para seu lugar de origem: o castelo de Pedras Altas.
Em um segundo momento, o grupo se encarregaria de realizar o levantamento da coleção bibliográfica do diplomata. A biblioteca da mansão é um lar de edições raras, com inúmeros volumes desconhecidos para os brasileiros, trazidos por Assis Brasil de diversos locais do mundo em que atuou como diplomata e visitou. "É um enorme acervo, com um valor muito mais histórico do que econômico. Ainda temos que negociar com os herdeiros como será feita essa catalogação, mas é imprescindível que seja feita para preservar a memória que os documentos guardam", afirma Meneses.

Proposta de compra
A venda do castelo foi anunciada em maio desse ano pela neta do fundador, Lydia Assis Brasil. Enfrentando dificuldades econômicas para manter a estrutura, os herdeiros resolveram colocar o imóvel à venda. Ao todo, a granja está à venda por R$ 15 milhões. O novo dono receberá não só a estrutura, mas toda a herança cultural e física contida no castelo, como o próprio acervo de documentos, livros e mobília.
A compra do local por parte do município, estado ou união já foi descartada pelo promotor. Segundo ele, nenhuma das três esferas demonstrou interesse em adquirir a propriedade e torná-la um local público para visitação. Entretanto, mesmo com a possibilidade de que o novo proprietário seja da iniciativa privada, terá de seguir uma série de exigências em razão do tombamento da granja como patrimônio histórico, como prosseguimento das visitações e manutenção constante do local.
Herdeira de Assis Brasil lamenta venda
A servidora pública municipal e primeira-dama de Pedras Altas, Adriana de Assis Brasil Brum, é bisneta do influente diplomata e faz parte da "história viva" que o local abriga. Filha de Lydia, a atual moradora da mansão e neta do embaixador, ela guarda recordações de uma infância percorrendo o grande jardim da casa quando visitava as tias que então residiam no castelo.
Há 14 anos, mudou-se com a mãe de Alegrete para Pedras Altas para ajudar na manutenção do legado deixado pelo bisavô. Há algum tempo, reside em uma casa erguida na propriedade, próxima da mãe.
A afinidade com o imóvel a faz lamentar a venda. Com uma área grande, a manutenção se torna quase impraticável. "Minha mãe se dedicava muito ao castelo, fazia as visitações guiadas. Mas um tempo atrás tivemos que dar prioridade para outros trabalhos, como a leiteria, porque ela precisa de renda para viver e manter a casa", conta.
Contudo, ela afirma acreditar que a venda é o melhor meio de garantir a sobrevivência e ótimas condições de conservação da propriedade. "Já fizemos inúmeros projetos solicitando parceria para restaurar a casa, mas nunca tivemos ajuda, os projetos nunca vingaram. Então acho que pode ser bom alguém com recursos investir na propriedade, porque vai ajudar a movimentar a economia da cidade", comenta.
Histórico
Inaugurada em 1912, a granja foi erguida por Assis Brasil para experimentar novas técnicas de produção agropecuária. A sede da propriedade, uma mansão em forma de castelo medieval, possui 44 cômodos, 12 lareiras, torres com ameias e uma enorme biblioteca.
O castelo foi um marco histórico da Revolução de 1923, da qual Assis Brasil foi o chefe civil e sediou a assinatura do Pacto de Pedras Altas, pondo fim à Revolução. Com todo tipo de produção agropecuária, a instalação deu-se em frente à Estação Ferroviária, para facilitar o escoamento de toda a produção da granja. Eram queijos, manteiga, doces e frutas secas, lã de ovelha, banha de porco, criação de animais das raças Devon, Jersey, Karakul, Ideal e Puro Sangue Inglês (PSI), todos vendidos como matrizes, jamais como carne para açougue.

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