Merece algo melhor que os meus versinhos bobos. Pela falta de ouvir o sino da Igreja Matriz, apelo a dois Poetas de Verdade, um Português e um Gaúcho. O Padre Edegar encomendou um suporte novo, de ferro, que o de madeira não aguentava mais. Só que está demorando e a gente, todo santo dia, é aturdido pelos ZUUUUUM e TUUUM-TUM-TUM-TUM-TUM eletrônicos “modernos”, que nos apunhalam os tímpanos e moem o cérebro.
Como era bom escutar, principalmente ao cair da tarde, o bronze da nossa infância!...
Assim como falaram os Poetas:
FERNANDO PESSOA:
Ó sino da minha aldeia, dolente na tarde calma,
Cada tua badalada soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar, tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho, soas-me na alma distante.
A cada pancada tua, vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado, sinto a saudade mais perto.
PINTO AURELIANO DE FIGUEIREDO: (CONVERSA COM O SINO)
Sino que de tarde bates (comovido... assim... assim...)
Tens soluçados rebates porque o dia está no fim.
Como no fim dos combates um fatigado clarim,
Meu sino! Não te arrebates quando bateres por mim.
Na tua torre de exílio – coração crepuscular,
Apagas o último brilho do dia que vai fechar.
Quando eu me for, como a um filho,
Embala bem devagar...
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