Há cinco meses um só centavo não entra na conta bancária. Ainda assim,o semblante e as palavras mesmo que numa intensidade cada vez menor, ainda demonstram esperança na reversão do grave quadro em que se encontra a instituição a qual por mais de duas décadas ele abriu e fechou portas, atendeu pacientes e preencheu fichas, quase sempre às madrugadas.
Delamar Macedo, o Cóti, 63 anos, (foto), é um dos funcionários que sintetizam a quase falência múltipla de órgãos em que se encontra o Hospital de Pinheiro Machado que há uma semana sofreu a intervenção da Prefeitura Municipal.
Cansado e desestimulado, ele que nos últimos anos acompanha as tentativas frustradas de revitalizar a estrutura e também a saúde financeira, chegou no meio de uma entrevista que realizávamos com seus colegas sobre à situação e, convidado, recusou-se à participar argumentando que não iria falar por estar a ponto de explodir.
Ao final da reportagem mudou de ideia e mais calmo, emocionado justificou sua negativa apontando não só a ausência de salários para a irritabilidade.
- Estou há dois dias numa correria pra conseguir um documento que apenas comprove que aqui eu trabalho há 23 anos e não consigo. É um jogo de empurra – reclama.
Segundo ele, a comprovação é uma das exigências da Previdência Social para que possa dar inicio ao processo de aposentadoria, o que lhe permitirá num futuro que espera ser próximo, retornar a ter vencimentos normais.
- Eu fui ao secretário de saúde e ele, após reunir com a comissão de intervenção, me disse que o responsável por fornecer esse documento é o antigo presidente do hospital, Edson Molina. Não entendo, pois, se ele não responde mais pelo hospital, como pode assinar? – questiona Cóti.
Ciente de que assim como seus colegas ele está com o futuro financeiro comprometido, uma vez que a instituição não realiza depósitos do Fundo de Garantia desde 2005, recorre a bicos passa saldar compromissos básicos ao final de cada mês.
- Depois de tanto tempo não esperava passar por isso. Se não fosse meus bicos como pintor não teria como pagar minhas contas – confessou o porteiro.
Procurado, o vice- prefeito e responsável pela pasta de saúde no município, Ronaldo Madruga, argumentou a negativa com relação ao documento.
- Assumimos dia 04 de junho e ele nos procurou requisitando a assinatura dia 05. Dissemos que não assinaríamos nada sem ter um parecer jurídico, pois não sabemos se podemos fazer isso sem nenhuma análise, assim, o aconselhei a procurar o então presidente do hospital para que ele faça isso comprovando que o funcionário atuava na instituição até a data em que passamos a atuar- Justificou.
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