Com o objetivo de estruturar e implantar uma Indicação Geográfica (IG) para vinhos e espumantes de qualidade diferenciada na região da Campanha foi lançado, pela cadeia produtiva da região, um projeto para obter, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial, o selo de qualidade única. A previsão de duração do projeto é de cerca de três anos e, para a execução dos trabalhos, serão aportados R$ 3,22 milhões, oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A previsão é de que sejam implementados no primeiro semestre de 2013.
O projeto de desenvolvimento da IG foi solicitado pela Associação Vinhos da Campanha, composta por 17 associados – vinícolas, uma associação de viticultores e um associado setorial. A entidade foi criada em 2010 e seus associados respondem por aproximadamente 15% da produção nacional de vinhos finos.
De acordo com o coordenador do projeto, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, José Eduardo Monteiro, existem duas espécies ou modalidades de Indicação Geográfica: ‘Indicação de Procedência (IP)’ e ‘Denominação de Origem (DO)’. No Brasil, 14 produtos agropecuários têm registro de IG como ‘Indicação de Procedência’ e quatro como “Denominação de Origem”. Entre eles, estão os vinhos da IP Vale dos Vinhedos.
Pesquisa
Ele explica que o trabalho de pesquisa irá ampliar as bases sustentáveis para o desenvolvimento da produção vitivinícola no ambiente da indicação geográfica da Campanha, a partir de 11 ações. “O estudo buscará o zoneamento de clima e solo para orientar o manejo dos vinhedos atuais e a expansão dos investimentos na região”, afirmou. Alem disso, o estudo irá contemplar a implantação de uma rede de avaliação da adaptação de porta-enxertos e cultivares de videiras, a definição das cultivares de maior potencial de qualidade enológica melhor adaptadas à região da Campanha.
Conforme o agrônomo, durante o desenvolvimento do trabalho serão aperfeiçoados os métodos de preparo, manejo e conservação de solo nas áreas de viticultura e o manejo de dossel, poda e condução, visando ao aumento de qualidade e potencial enológico da produção. A definição dos parâmetros de manejo e irrigação dos vinhedos em implantação e produção e o aperfeiçoamento das estratégias de controle de doença e pragas nos sistemas vitivinícolas também serão estudados.
Segundo o coordenador, outros fatores importantes da pesquisa são as delimitações das áreas geográficas homogênicas, a estruturação de Sistemas de Informação Geográficas (SIG) e elaboração de mapas digitais da região vitícola da Campanha, incluindo cadastro vitícola georreferenciado, a estruturação de uma rede de monitoramento meteorológico de interesse vitícola e a definição dos protocolos de vinificação em escala industrial para obtenção de vinhos e espumantes de alta qualidade e tipicidade. “Com esses resultados projeta-se o aumento da competitividade setorial, fortalecendo e consolidando o nome da região e promovendo o desenvolvimento do enoturismo regional”, salientou.
Para o pesquisador, a indicação geográfica dará o amparo legal que protege e garante a exclusividade de uso da marca nos vinhos produzidos na região sob a gestão e controle da IG. “O projeto foi o primeiro assinado no âmbito da Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura (Recivitis)”, disse.
Monteiro comenta que a equipe do projeto é composta por 41 pesquisadores, 30 colaboradores, entre técnicos, administrativos e bolsistas de sete instituições de ciência e tecnologia da região. O projeto será desenvolvido em Bagé, Candiota, Dom Pedrito, Pinheiro Machado, Itaqui, Rosário do Sul, Alegrete e Quaraí.
Recivitis
A Recivitis é um grupo de instituições de ciência e tecnologia, atuantes no setor vitivinícola em todo o país, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho. A rede integra o Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), que tem como secretaria-executiva a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e, como agência executora, a Finep. Projetos de desenvolvimento científico e tecnológico são submetidos à rede, seguindo tramitação até chegar à Finep, que viabiliza, por meio de financiamentos, sua execução.
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